"Sabes quem eu sou? Não te lembras de mim? Tirou os óculos. Com os dedos escondeu o bigode grisalho. Os olhos dela bailarinos a procurar algum sinal do passado. E ele de repente a rir, atirando a cabeça para trás, exageradamente. A medo: O D.! Claro, miúda. Demoraste. Há quantos anos? Não digas. Foi ontem. O abraço, ligeiro e depois apertado. Como me reconheceste? Estamos tão crescidos. Ele riu de novo. Pela voz, miúda. Quem tem uma voz como a tua? Ah, sim. Sentiu-se corar. Adolescente de novo. Hoje estou com pressa. Um seminário, estás a ver. Um dia destes almoçamos juntos, pode ser? Para lembrar tempos antigos. Ela disse: Talvez. Ele deu-lhe o número do telefone. Viu-o sair, virar-se para trás e acenar. Ficou especada. Deitou fora o papel com o número do contacto. A voz, só a voz não envelhecera. Ficou contente por saber onde se escondera a sua memória."
Licínia Quitério
Achei esse texto na net...Me lembrei da Historia do Bore...Resolvi postar.
POST BY PABLO
Um comentário:
Incrivelmente as coias vão fazendo um profundo sentido!
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